Ricardo Irigoyen
Lendo notícias, observando meus colegas e meus alunos, ouvindo pais, obedecendo a coordenadores, assistindo palestras de teóricos da educação e fazendo parte de um negócio que são as escolas, cheguei às seguintes conclusões:
Características profissionais: Professor deve ser psicólogo, pedagogo, conselheiro matrimonial e familiar, educador, vendedor, especialista em pós venda, show-man, além de conhecer perfeitamente a matéria que ensina. Nunca reclamar.
Características pessoais: Simpático, agradável, comunicador, firme com os alunos, mas com diplomacia, paciente, amigo, compreensivo com os problemas familiares e médicos de cada um dos 40 alunos que tem em cada turma. Nunca reclamar.
Obrigações profissionais: Deve ter a capacidade de preparar cada uma das 10 aulas diárias pensando nas necessidades de cada um de seus alunos, equilibrar as inúmeras provas e testes para que nenhum dos alunos tire notas baixas. Preparar relatórios e participar de todas as reuniões de pais e do colégio para diversas avaliações. Tomar conta de alunos que não são estudantes, mas meras crianças depositadas no colégio porque os pais trabalham. Nunca reclamar.
Obrigações pessoais: Nunca estar mal humorado. Estar sempre bem disposto para ouvir reclamações de pais e coordenadores. Não cometer erros. Cumprir todas as normas da escola, do ECA, as orientações dos pedagogos, as solicitações específicas de psicólogos, psiquiatras e pais para cada um dos alunos. Nunca reclamar.
Direitos do professor: Participar de reuniões extras sem receber remuneração. Ser mal pago. Educar aos filhos dos outros além de instruí-los. Trabalhar muito, já que além das horas aulas deverá utilizar a mesma quantidade de horas em casa para preparar as aulas, provas, relatórios e informes. Ou seja, professor que tem 40 horas aula semanais trabalha pelo menos 80 horas, e como no caso de muitos colegas que tem 80 horas ou mais por semana, trabalhar de 160 a 200 horas semanais. Uma semana tem 168 horas?
Papel do professor: Um professor deveria dar 20 horas de aulas semanais, para poder dedicar-se outras 20 horas para preparar as aulas, provas e testes, relatórios, avaliar individualmente a cada um de seus alunos. Não teria que perder tempo educando (educação de boas maneiras e princípios básicos de relacionamento entre seres humanos) ou estabelecendo limites que seus alunos deveriam aprender em seus lares. Deveria educar (instruir e dar cultura) aos seus alunos. Atualizar-se constantemente para ser um melhor profissional, participar de congressos e seminários.
Evidentemente há uma contradição em tudo o que tenho colocado no papel, mas é a equação real que nós, professores, devemos resolver todos os dias a toda hora.
Você, caro leitor, tem algum conselho?
Boa semana.
Fonte: http://www.agenciario.com/colunistas.asp?cod_col=20&pNota=2516
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