A luta pelos Direitos da Mulher remonta-se ao início da contemporaneidade. Em 1789, aRevolução Francesa,
que derrubou as estruturas do Antigo Regime, promulgou os Direitos do
Homem e converteu o súdito em cidadão, se esqueceu de conceder direitos
políticos à metade de sua população. Desde o princípio, as mulheres
foram excluídas da cidadania e seguiram sob a dependência de pais e
maridos: pouco mudou para elas.
Neste contexto, Olympe de Gouges publicou na França seus "Direitos da Mulher e da Cidadã"; e Mary Wollstonecraft, na Inglaterra, a "Uma Defesa dos Direitos da Mulher". Foram as primeiras pedras da lenta construção do edifício da igualdade.
Neste contexto, Olympe de Gouges publicou na França seus "Direitos da Mulher e da Cidadã"; e Mary Wollstonecraft, na Inglaterra, a "Uma Defesa dos Direitos da Mulher". Foram as primeiras pedras da lenta construção do edifício da igualdade.
Enquanto
isto ocorria na política, a Revolução Industrial presenciava o
nascimento da economia capitalista contemporânea. A primeira sociedade
industrial, tempo de bairros negros e miséria operária, obrigou muitas
mulheres humildes a sair de suas casas para incorporar ao trabalho nas
fábricas. Não foi um caminho fácil. O salário feminino era menor e os
homens olhavam-nas com receio, antes de mais nada, como uma ameaça para
sua estabilidade trabalhista. Os estupros eram frequentes e os
sindicatos não permitiam a entrada de mulheres.
Pese a tudo isso, era um passo importante: a mulher integrava-se na corrente produtiva capitalista. Já nada poderia pará-la. Em meados do século XIX, Flora Tristan pregava o socialismo e a igualdade nas fábricas e, pouco depois, Emma Paterson criava uma une de sindicatos de mulheres. Estava nascendo o movimento feminista.
A primeira onda deste movimento teve sua carta fundacional na declaração estadunidense de Seneca Falls (1848) e centrou-se na consecução dos direitos políticos e o voto feminino. Foi uma luta revolucionária, protagonizada por mulheres da burguesia que reclamavam a participação ativa na sociedade de seu tempo. Entre comícios, jornais, manifestações e prisões, a batalha das sufragistas teve seu primeiro sucesso em 1869: no Estado de Wyoming, e pela primeira vez no mundo (salvo alguns precedentes menores), a mulher branca pôde exercer seu direito de voto. Desde então, o progresso foi constante e o voto feminino foi-se estendendo, lentamente, pela Europa e América.
Pese a tudo isso, era um passo importante: a mulher integrava-se na corrente produtiva capitalista. Já nada poderia pará-la. Em meados do século XIX, Flora Tristan pregava o socialismo e a igualdade nas fábricas e, pouco depois, Emma Paterson criava uma une de sindicatos de mulheres. Estava nascendo o movimento feminista.
A primeira onda deste movimento teve sua carta fundacional na declaração estadunidense de Seneca Falls (1848) e centrou-se na consecução dos direitos políticos e o voto feminino. Foi uma luta revolucionária, protagonizada por mulheres da burguesia que reclamavam a participação ativa na sociedade de seu tempo. Entre comícios, jornais, manifestações e prisões, a batalha das sufragistas teve seu primeiro sucesso em 1869: no Estado de Wyoming, e pela primeira vez no mundo (salvo alguns precedentes menores), a mulher branca pôde exercer seu direito de voto. Desde então, o progresso foi constante e o voto feminino foi-se estendendo, lentamente, pela Europa e América.
Enquanto,
o mundo mudava a um ritmo frenético. A ferrovia, o automóvel e o avião
revolucionavam os transportes e as comunicações. A luz elétrica
prolongou a jornada de trabalho e deu um grande impulso à vida noturna.
Nascia a sociedade de consumo de massas e, com ela, o desenvolvimento
das grandes superfícies, o cinema e todo o setor terciário. De maneira
imediata, este novo capitalismo começou a demandar funções que tinham
como especificamente femininos: caixas, secretárias, mecanógrafas e
aeromoças. E, então, chegou a guerra.
A Primeira Guerra Mundial provocou um impacto sem precedentes na história da emancipação feminina. Seu poder destrutivo foi tal que duas gerações de europeus deixaram a vida nas trincheiras da França. Todos os homens em idade de trabalho foram recrutados para as fileiras. As fábricas ficaram sem ninguém e a produção cessou quando a sociedade mais precisava de sua indústria. A situação era tão desesperada que se adotou uma solução revolucionária: a incorporação em massa da mulher a todos os âmbitos do mundo trabalhista.
A Primeira Guerra Mundial provocou um impacto sem precedentes na história da emancipação feminina. Seu poder destrutivo foi tal que duas gerações de europeus deixaram a vida nas trincheiras da França. Todos os homens em idade de trabalho foram recrutados para as fileiras. As fábricas ficaram sem ninguém e a produção cessou quando a sociedade mais precisava de sua indústria. A situação era tão desesperada que se adotou uma solução revolucionária: a incorporação em massa da mulher a todos os âmbitos do mundo trabalhista.
Foi
a necessidade que fez o mundo ver que as mulheres podiam desempenhar,
tão bem como os homens, qualquer tipo de trabalho. Surgiram as creches e
a moda experimentou a maior mudança de sua história: as saias mais
curtas e o corte de cabelo curto, em princípio tão necessários para
poder trabalhar mais comodamente, se converteriam depois em em moda na
mão de Coco Chanel.
O fim do conflito trouxe campanhas orientadas a que as mulheres regressassem a suas tarefas domésticas; mas algo tinha mudado. O mundo anterior a 1914 tinha desaparecido e, com ele, toda uma forma de entender as relações trabalhistas. A presença da mulher em todos os âmbitos do trabalho seguiria seu caminho, lento mas seguro, durante a primeira metade do século XX.
A segunda grande onda do feminismo contemporâneo iniciou-se com a publicação do Segundo Sexo, deSimone de Beauvoir, em 1949. Ainda que, em meados do século, os direitos políticos eram já uma realidade na maioria de países ocidentais, a igualdade efetiva estava ainda bem longe de ser estabelecida. No contexto da revolução social dos anos 60, a mulher tomou consciência de que seguia subordinada, de que seus direitos sociais não eram reconhecidos, de que seguia sendo, definitivamente, o segundo sexo.
Começava assim um vasto movimento internacional pela libertação da mulher, com toda a força de uma juventude contestária e utópica. Na Mística feminina, Betty Friedan denunciava a insatisfação vital, íntima, amarga, de milhões de mulheres confinadas nas quatro paredes de sua casa. No meio do desprezo e da indiferença, os estudos sobre a mulher entravam na Universidade e Kate Millet pode denunciar a opressão sistemática do sistema patriarcal existente em sua Política sexual de 1970.
O fim do conflito trouxe campanhas orientadas a que as mulheres regressassem a suas tarefas domésticas; mas algo tinha mudado. O mundo anterior a 1914 tinha desaparecido e, com ele, toda uma forma de entender as relações trabalhistas. A presença da mulher em todos os âmbitos do trabalho seguiria seu caminho, lento mas seguro, durante a primeira metade do século XX.
A segunda grande onda do feminismo contemporâneo iniciou-se com a publicação do Segundo Sexo, deSimone de Beauvoir, em 1949. Ainda que, em meados do século, os direitos políticos eram já uma realidade na maioria de países ocidentais, a igualdade efetiva estava ainda bem longe de ser estabelecida. No contexto da revolução social dos anos 60, a mulher tomou consciência de que seguia subordinada, de que seus direitos sociais não eram reconhecidos, de que seguia sendo, definitivamente, o segundo sexo.
Começava assim um vasto movimento internacional pela libertação da mulher, com toda a força de uma juventude contestária e utópica. Na Mística feminina, Betty Friedan denunciava a insatisfação vital, íntima, amarga, de milhões de mulheres confinadas nas quatro paredes de sua casa. No meio do desprezo e da indiferença, os estudos sobre a mulher entravam na Universidade e Kate Millet pode denunciar a opressão sistemática do sistema patriarcal existente em sua Política sexual de 1970.
As
mulheres dos anos 70 lançaram-se à busca de sua própria identidade,
protagonizando uma autêntica revolução social que subvertia as noções de
gênero aceitas até então. Foram elas, que converteram o privado em
político, as primeiras em denunciar sua subordinação ao homem no
casamento e no trabalho, em criar centros de planejamento familiar e
casas de asilo para mulheres maltratadas, em reivindicar a igualdade
real em todos os âmbitos da vida. Atingiram o sucesso. Muitas de suas
propostas, inicialmente revolucionárias, foram acolhidas pelos governos e
hoje em dia são uma realidade que vai muito além de qualquer ideologia
de gênero.
A partir do final dos anos 80, o mundo entrava em uma nova etapa. A queda do Muro de Berlim e o "fim das ideologias" preludiavam a terceira onda do feminismo contemporâneo, caracterizada pelas políticas de igualdade e a assunção de suas propostas desde as mais altas instâncias. Assim, na Conferência Mundial da Mulher em Beijing, auspiciada pela ONU, os Direitos da Mulher foram finalmente marcadas dentro do contexto geral dos Direitos Humanos. A maioria dos governos adotou medidas contra o maltrato e a discriminação; a igualdade converteu-se em uma demanda global.
O feminismo do século XXI tem ante si o estimulante desafio da diversidade. A existência de uma única maneira de ser mulher é impensável na sociedade da informação e do conhecimento. Centenas de correntes, de todos os sinais políticos e religiosos, reivindicam o direito a seu próprio pensamento. As mulheres da Ásia, África e América negam que o modelo ocidental do feminismo seja o único válido e encontram novas senhas de identidade em suas próprias sociedades. Resta muito por fazer. Há mil formas de ser mulher, mas um mesmo caminho pela frente.
A partir do final dos anos 80, o mundo entrava em uma nova etapa. A queda do Muro de Berlim e o "fim das ideologias" preludiavam a terceira onda do feminismo contemporâneo, caracterizada pelas políticas de igualdade e a assunção de suas propostas desde as mais altas instâncias. Assim, na Conferência Mundial da Mulher em Beijing, auspiciada pela ONU, os Direitos da Mulher foram finalmente marcadas dentro do contexto geral dos Direitos Humanos. A maioria dos governos adotou medidas contra o maltrato e a discriminação; a igualdade converteu-se em uma demanda global.
O feminismo do século XXI tem ante si o estimulante desafio da diversidade. A existência de uma única maneira de ser mulher é impensável na sociedade da informação e do conhecimento. Centenas de correntes, de todos os sinais políticos e religiosos, reivindicam o direito a seu próprio pensamento. As mulheres da Ásia, África e América negam que o modelo ocidental do feminismo seja o único válido e encontram novas senhas de identidade em suas próprias sociedades. Resta muito por fazer. Há mil formas de ser mulher, mas um mesmo caminho pela frente.
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