HOAX: o vírus da mentira
Ele chega de mansinho, querendo fazer você acreditar em tudo, e quase lhe convence. Saiba como identificar os hoaxes e se livre das mensagens falsas que se espalham na internetdiego.vinas@folhauniversal.com.br
Se você costuma usar a internet, já deve
ter visto muitas lendas urbanas. Agora, se você não costuma ficar
conectado em Twitter, Facebook ou no quase falecido Orkut, basta lembrar
daquelas histórias de quando éramos crianças sobre a noiva do espelho, o
homem do saco, bicho-papão e tantas outras que pareciam grandes
verdades, mas que só faziam parte de uma brincadeira, às vezes, de mau
gosto. Na internet, isso acontece praticamente todos os dias e tem um
nome. É o hoax – pronuncia-se “rôuquis”. São as mentiras da internet,
tentativas de enganar um grupo de pessoas por meio de uma farsa.
Para chamar a atenção dos internautas,
os hoaxes são produzidos com a intenção de seduzir ou emocionar. No
microblog Twitter, por exemplo, site em que as pessoas só têm 140
caracteres para escrever sobre o que quiserem, é comum pessoas
divulgando que algum artista muito conhecido morreu. Para isso, utilizam
as iniciais RIP (Rest in Peace, ou: “descanse em paz”), e escrevem o
nome de algum famoso logo depois. Em poucos minutos, rápido como a
proliferação de um vírus, a notícia já se torna verdade. Não se pode
confiar nem em fotos. A imagem de um peixe com cabeça de porco, por
exemplo, circula como uma grande descoberta, mas é falsa.
A reportagem da Folha Universal
conversou com o blogueiro e analista de sistemas Gilmar Lopes, conhecido
por ser um pesquisador da web, praticamente um detetive das farsas da
internet. No seu blog no R7, o E-Farsas.com, ele conta as verdades ou
mentiras de diversos casos que circulam na rede mundial de computadores.
Por ironia ou não, seu trabalho começou justo no dia 1º de abril,
conhecido como Dia da Mentira. “Eu pesquiso isso desde 2002, na época
das correntes que recebíamos por e-mail. E recebemos até hoje”, completa
Lopes.
Para ludibriar, os hoaxes também
provocam as pessoas para que elas se sintam culpadas. Um exemplo disso
são mensagens que mostram imagens de crianças que sofrem de doenças
graves. As fotos impressionam e, por isso, as pessoas tendem a ler a
mensagem que as acompanha. “São notícias falsas, correntes, ou mensagens
que pedem que você repasse para ajudar uma criança com câncer, por
exemplo. Aparece muito isso no Facebook. Tem também aquelas que, para
cada curtida numa foto, o Facebook doará uma quantia em dinheiro para
aquela criança. Tudo mentira, porque o Facebook não dá dinheiro para
ninguém”, disse Lopes.
Mentiras como a história da “mansão do
Bispo Macedo” que, na verdade, é uma casa usada como locação para
filmes, e já circulou como sendo do presidente do Zimbábue, Robert
Mugabe. Cada país tem sua versão da farsa. Outro hoax dizia que a igreja
iria colocar no SPC os dizimistas “inadimplentes”.
E
como identificar um hoax? Não é tão difícil como parece, porque essas
lendas da internet têm quase sempre os mesmos ingredientes. “No caso de
imagens suspeitas, é sempre bom você ficar atento às sombras. Se for
falsa, pode ser que você encontre alguma falha de primeira. Se não, o
Google tem uma ferramenta para procurar fotos semelhantes. Já achei
muita coisa logo na primeira pesquisa”, conta Lopes. Outro aspecto bem
comum das notícias falsas é citar instituições de renome, como
universidades ou grandes hospitais. “É muito comum as notícias serem
baseadas em um ‘nova descoberta da Nasa’ ou nos ‘ensinamentos da cultura
milenar chinesa’. Ora, quem vai duvidar da Nasa?”, brinca o
pesquisador. Para descobrir a verdade, o próprio hoax dá as pistas. Uma
simples pesquisa sobre as instituições ou especialistas citados já pode
ser o suficiente para desmascarar uma informação falsa. Sem esquecer
que, no final desses hoaxes, sempre tem um apelo para as pessoas
repassarem para o maior número de amigos, isso quando não há a ameaça de
perder a sorte ou o grande amor, caso não seja repassado.
Agora que você já consegue ter uma noção
de como fugir dessa armadilha, é bom saber como agir caso seja vítima
de um hoax ou crime cibernético. De acordo com o site do advogado
Jonatas Lucena, existe uma lei de crimes virtuais, de 2012. O artigo 154
da Lei 12.737 prevê pena de 3 meses a 1 ano de detenção para casos de
invasão de dispositivo informático alheio. Muitos casos de hoaxes podem
ser incluídos na definição de crime digital, segundo o advogado. “Crime
digital ou cibercrime são práticas criminosas utilizando meios
eletrônicos como a internet, através de aparelhos que têm acesso à rede
para ações ilícitas como roubo, chantagem, difamação, calúnia e
violações aos Direitos Humanos fundamentais”, diz o conteúdo.
Veja mais dicas de como identificar um hoax aqui.
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