Pouca gente sabe disso, mas está marcado para o próximo dia 11 de dezembro um plebiscito para que os habitantes do Pará decidam sobre o destino de seu Estado. De acordo com a proposta, aprovada em má hora pelo Congresso Nacional, a ser posta em votação, os eleitores do Pará deverão decidir pela fragmentação ou não de seu Estado em 3 novas unidades federativas denominadas Tapajós, Carajás, além do novo Pará formatado com o que sobrou desta retalhação.
O futuro Estado de Tapajós com cerca de 60% da área do atual Estado do Pará teria uma população de 1,3 milhões de habitantes (23% da população do atual Estado do Pará), enquanto Carajás, com 25% da área, ficaria com 1,6 milhões (16 % da população).
Já o novo Pará, ressurgido mais empobrecido ainda, ficaria com a maior parte da população estimada em 4,6 milhões de pessoas vivendo em apenas 20% da área original, O PIB e a arrecadação do ICMS do novo estado decairiam brutalmente, ficando respectivamente 45% e 33% menores relativamente aos valores auferidos atualmente pelo Estado do Pará, o que ensejaria de imediato uma queda no PIB per capita do novo Estado.Além disso, o novo Pará deixaria de se beneficiar de suas imensas riquezas representadas por Tucuruí, Belo Monte e principalmente pelas minas de ferro do município de Paraupebas (maior produtora de minério de ferro do mundo), pelas minas de bauxita do Rio Norte e Juruti, pelas minas de cobre em Marabá e Canãa, sem contar as importantes reservas de cobre e níquel. Restariam apenas as minas de bauxita em Paragominas
Quanto aos dois outros estados resultantes desta “implosão” territorial simplesmente não teriam autonomia financeira ficando totalmente dependentes do Governo Federal, segundo estudos do IPEA- Instituto de Pesquisas Econômicas e Aplicadas. Carajás inclusive seria um estado interior desprovido de litoral, significando que grande parte da riqueza emanada dessa região dependeria para o seu escoamento dos estados vizinhos banhados pelo mar!
Sob o ponto de vista político, aqueles dois novos estados arcariam com mais 6 senadores e mais 33 cargos eletivos políticos entre deputados federais e estaduais para cada um, sem contar com o inchaço da máquina administrativa devido a necessidade de criação de novos empregos públicos para atender ao aumento da burocracia e o clientelismo.
Sob o ponto de vista ambiental, considerando que o Pará é a principal porta de entrada e de saída da Amazônia, o inexorável empobrecimento de toda aquela região, caso se concretize o desmembramento, haveria um agravamento da já difícil ação fiscalizatória de cunho ambiental por parte das autoridades locais propiciando portanto condições para o aumento do desmatamento, da exploração predatória da fauna e da flora, do aumento dos garimpos ilegais, da elevação da violência no campo pela disputa de terras e outras distorções ocasionando graves prejuízos ambientais para toda a região amazônica.
Os eleitores do Pará, abrindo mão de seu rico e generoso sub solo e de sua exuberante floresta estarão dando um tiro em seus próprios pés e nos de seus descendentes, abrindo caminho a aventureiros e predadores de toda espécie descompromissados com os interesses paraenses e do Brasil.
A retalhação do Pará gerando a criação de três estados pobres não favoreceria o desenvolvimento daquela região e por extensão do país, como preconizam os desinformados desprovidos de qualquer visão de futuro, e os políticos de má fé. Muito pelo contrário.
(José Eduardo Cavalcanti)
Fonte: Blog do Carlos Faria Café
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