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sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Educação continuada: aprovação automática não garante qualidade











Conselho Nacional de Educação recomenda a avaliação em ciclos

Respeitar o ritmo natural de cada indíviduo. Este conceito é o que move a estratégia de avaliar o progresso do aluno em ciclos, especialmente nos anos de formação.  Desta forma, não se recomendar nivelar a turma sem considerar individualmente a capacidade do aluno. "É impróprio reprovar uma criança nos três primeiros anos de sua formação", explica o sociólogo e professor Cesar Callegari, membro do Conselho Nacional de Educação (CNE). "Nesta fase elas entram na escola com habilidades de dimensões diferenciadas. Todas podem ser alfabetizadas até os oito anos de idade, mas nem sempre serão ao mesmo tempo", diz.
O CNE defende que as escolas da rede pública e privada adotem esta recomendação de não reprovar no primeiro ciclo, estendendo o ciclo a um período complementar de mais dois anos, no máximo. "Quando se fala de ciclo não quer dizer que só se deva avaliar no final", diferencia. "Avalia-se ao longo dos anos para acompanhar o ritmo de cada um, mas não reprova o aluno que não estiver pronto. O que não significa que a partir daí terá sempre uma aprovação automática. É apenas nesta fase", acrescenta.
A polêmica em torno da adoção da progressão continuada não deveria ser resumida a aprovação automática, mas hoje em dia esta é a grande discussão. As escolas tem autonomia para criar seu projeto pedagógico e decidir também como avaliar o desempenho de seus alunos, inclusive, se quiser, adotar a aprovação automática. Críticos alegam que o maior benefício seria a redução de custos e que afeta a qualidade do ensino em geral.
Por outro lado, a aprovação automática acaba combatendo um hábito antigo nas escolas brasileiras: a cultura da reprovação. "A reprovação ainda é mais disciplinar do que educativa. No ano passado, 70 mil crianças foram vitimadas por este processo", reconhece Callegari. "A idéia de que professor bom é o que é mais difícil, que dá notas mais baixas ainda permanece", lamenta.
O professor acrescenta que falta às escolas estabelecerem metas claras para cada ciclo, objetivos que possam ajudar na avaliação e expectativas dos alunos. Callegari não é a favor da aprovação automática após os três primeiros anos do ciclo básico por acreditar que, em sua simplicidade, ela acaba eximindo todos de responsabilidade: do aluno ao professor. "O progresso de um aluno deve ser desejado e assegurado, mas cobrar dele também faz parte", diz.
As lacunas podem ainda ser grandes, mas os avanços do país para assegurar a universalidade da escola são reconhecidos pela Unesco. "Temos falhas sistêmicas que precisam ser corrigidas logo, mas evoluímos muito na nossa capacidade de avaliação. Hoje todos sabem que não basta colocar a criança na escola, que é preciso ter também qualidade", diz Callegari. "Ninguém faz milagre. É preciso fazer grandes arrancadas para termos melhores condições. Não podemos esperar 15 ou 20 anos para mudar o cenário da educação no país", encerra. (Globoeducação, 30/07/11)
Fonte :CNTE

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