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quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

QUEM SE IMPORTA COM OS PROFESSORES?




É crítica a situação que se apresenta no meio educacional, onde mestres abandonam a profissão devido as condições precárias de trabalho e apenas 2% dos jovens demonstram interesse em seguir a carreira da docência. Baixos salários, prédios sucateados, violência, insegurança e diversas doenças psíquicas que acometem esses profissionais, tais como a Síndrome de Burnout, que leva o professor a uma exaustão intensa física e emocional, que segundo dados do SEPE, acomentem cerca de 50% desses profissionais, contribuem para o défict apresentado. Ainda sobre a Síndrome de Burnout, dados de uma pesquisadora da UERJ indicam que 70% dos profesores das 5 escolas municipais de Niterói/RJ analisadas por ela são portadores desse problema, que acomete milhares de mestres em nosso país. Os professores, desesperançosos e amedrontados, já que muitos sofrem violência física e são até mesmo ameaçados de morte, deixam a carreira e buscam novas possibilidades.
 Esse quadro descrito acima nada mais é do que um reflexo dessa sociedade pautada na lógica capitalista burguesa, onde a educação dialoga constantemente com o mercado de trabalho e objetiva tão somente a formação de mão-de-obra que atenda aos interesses desse sistema. Os professores, em sua grande maioria alienados a essa questão, sofrem as consequências sem perceber que toda essa dinâmica vivida dentro do sistema educacional público é, como já dizia nosso "Padrinho"e querido educador Paulo Freire, uma realidade social construída intencionalmente e não por acaso, e é produto da ação dos homens. O sistema capitalista burguês trabalha em prol da manutenção da hegemonia da classe dominante, ou seja, da Burguesia, que são os donos dos meios de produção e exploradores da força de trabalho humana, e se há então uma classe que oprime, logicamente há também aquela que é oprimida. Criam ideologias e falsas realidades, nas quais acreditamos, muitas vezes, como verdades imutáveis, exemplo como quando aceitamos a situação da violência escolar e da precariedade do ensino como fato social e culpabilizamos a família. O Neoliberalismo prega a individualidade dos problemas e do sucesso ou insucesso de cada indivíduo, ou seja, a falácia se baseia em: "todos têm oportunidade, só que nem todos aproveitam.", "A família é desestruturada, por isso esse aluno é assim." "Escola tem, não obteve êxito por culpa dele e da família." O sistema não permite que nós olhemos a sociedade corroída que se apresenta diante de nossos olhos de forma dialética e crítica, pois se assim for, perceberemos que, na verdade, somos vítimas e escravos da classe dominante, trabalhamos para construir suas riquezas e sofremos com a desigualdade e o abandono. Nossos alunos são frutos dessa sistemática social, pois "reagem", mesmo sem conhecer a realidade que está por trás daquilo que seus olhos podem contemplar, á violência dos opressores, e por isso são chamados de "selvagens", "violentos" e "ferozes", até pelos próprios professores. A escola não é uma instituição alheia ao meio, e digo mais, é um aparelho ideológico da burguesia, pois inculca na mente de nossos alunos seus valores e forma mão-de-obra para atender á demanda do capital. Segundo Freire em seu livro Pedagogia do Oprimido, ao opressor de nada interessa a "inserção crítica" das massas oprimidas, o que lhes interessa é a permanência delas em seu estado de imersão e ignorância. E, infelizmente, os professores, por desconhecerem essa verdade, mantendo-se alienados a ela, reproduzem em sua prática toda essa violência simbólica e, por buscarem "culpados" de seus sofrimentos e desvalorização nos corredores da escola e em sua dependências, acabam por agredirem, muitas vezes sem perceber, aqueles que são tão oprimidos e maltratados como eles. Daí, então, surgem as doenças, o desespero, o abandona da carreira. os docentes precisam buscar o conhecimento verdadeiro, através de uma leitura crítica tal como Marx, Paulo Freire, Pierre Bourdieu, a fim de descobrir as causas e poder exercer sua prática baseada em uma pedagogia crítica, libertadora e desalienadora de seus alunos, na busca pela superação dessa contradição e na formação do homem livre e humanizado. Deixo para reflexão, trecho do livro de Paulo Freire, intitulado Pedagogia do Oprimido, que recomendo a leitura:

        Leia professor, você principalmente pecisa entender disso!!!

" ... inaugurada a violência, que jamais foi até hoje, na história, deflagrada pelo oprimido. Como poderiam os oprimidos dar início á violência, se eles são o resultado de uma violência? Como poderiam ser os promotores de algo que, ao instaura-se objetivamente, os constituiu? Não haveria oprimidos se não houvesse uma relação de violência que os conforma como violentados, numa situação objetiva de opressão. Inauguram a violência os que oprimem, os que exploram, os que não se reconhecem nos outros; não os oprimidos, os explorados, os que não são reconhecidos como pelos que os oprimem como "outro".
      Inauguram o desamor, não os desamados, mas os que não amam, porque apenas se amam.
      Os que inauguram o terror não são os débeis, que a ele são submetidos, mas os violentos que, com seu poder, criam a situação concreta em que se geram os "demitidos da vida", os esfarrapados do mundo.
       Quem inaugura a tirania não são os tiranizados, mas os tiranos.
       Quem inaugura o ódio não são os odiados, mas os que primeiro odiaram.
        Quem inaugura a negação dos homens não são os que tiveram a sua humanidade negada, mas os que a negaram, negando também a sua."

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