Acontecimentos históricos, como a Ordem
dos Templários, se misturam às superstições fazendo a data ser conhecida
em todo o mundo como um dia de azar e de más notícias
Para os supersticiosos, a sexta-feira 13 é dia de ficar em
casa e não fazer nada muito arriscado, de preferência com algum amuleto
que quebre qualquer tipo de má sorte que a data carrega. “Quem tem
superstição tem de se apegar com aquilo que o acalme. Mas a pessoa tem
de acreditar“, afirma o professor, astrólogo, numerólogo e pesquisador
da cultura popular Nathanael Souza. Leia também: Sexta-feira 13 pode sim ser um dia de sorte
AP
Representação de Leonardo da Vinci para a Última Ceia. Cristo e
mais 12 apóstulos em uma sexta-feira, provavelmente 13, pelo calendário
hebraico
Para entender melhor a construção da fama, ou maldição, da
sexta-feira 13, primeiro é necessário entender alguns significados de
cada elemento separadamente. Na história da civilização, o 13 é um
número considerado incompleto. São doze os ciclos lunares durante um ano
solar, que formam os 12 meses no ano, e a contagem da civilização
suméria tinha como base 12 unidades, daí vem a porção padrão conhecida
como dúzia.
Outras coincidências religiosas e místicas também estão
presentes na composição da ‘carga negativa’ do 13 . Esse era o número de
pessoas que estavam presentes a Última Ceia, refeição que Jesus teria
feito antes da crucificação. E para quem acredita em outras forças
místicas, a décima terceira carta do Tarô é “A Morte”.
Ainda existem duas lendas da mitologia nórdica que reforçaram
os mistérios quanto ao número 13 e espalharam a superstição pela
Europa. A primeira conta que em uma festa na morada dos deuses, foi dado
um banquete para 12 divindades, mas Loki, espírito do mal e da
discórdia, que não teria sido convidado, apareceu para criar um
desentendimento entre os deuses. Durante uma briga, o deus Balder,
favorito entre as divindades, teria morrido. Daí vem a crença de que não
se deve convidar 13 pessoas para um jantar ou uma festa.
Outra lenda escandinava diz que Friga, deusa do amor e da
beleza, teria se transformado em uma bruxa após a conversão dos nórdicos
ao cristianismo. Como vingança, ela passou a se reunir todas as
sextas-feiras com outras 11 bruxas e o demônio. Juntos, os 13 ficaram
lançando feitiços sobre os novos cristãos do alto de uma montanha.
A sexta-feira também começa a se diferenciar como um dia
negativo pela crença religiosa. Segundo a tradição cristã, Jesus foi
cruxificado e morto em uma sexta-feira. Além disso, muitos historiadores
apontam para o fato de Cristo provavelmente ter morrido na sexta-feira
13, do mês de Nissan, visto pelo calendário hebraico.
“A sexta-feira também ficou conhecida por ser o dia das
execuções oficiais. Na Inglaterra era esse o dia em que os prisioneiros
eram enforcados”, acrescenta o professor Nathanael. História
Somados às superstições ainda existem acontecimentos históricos
para marcar o dia. O mais importante, e novamente ligado a tradição
cristã, envolve a Ordem dos Templários. No dia 13 de outubro de 1307,
uma sexta-feira, a Ordem dos Templários, grupo de sacerdotes e
cavaleiros que protegiam cristãos em suas peregrinações por mais de dois
séculos após a Primeira Cruzada, foi declarada ilegal pelo rei Filipe
IV de França que estava profundamente endividado com a Ordem e
pressionava o Papa Clemente V a tomar medidas contra eles. Por ordem do
rei, nesta sexta-feira 13, os templários da França foram convocados,
encarcerados em masmorras e submetidos a torturas para se declararem
culpados de heresia.
ArquivoAE
O ministro da Justiça Luis Antônio Gama e Silva e o locutor da
Agência Nacional Alberto Curi durante anúncio do AI-5, em uma
sexta-feira 13
No Brasil, em uma outra sexta-feira, em 13 de dezembro de 1968,
o governo militar decretou o AI-5, que, entre outras medidas, suspendeu
direitos e garantias políticas e ampliava dos poderes aos militares
durante a Ditadura. Outro fato histórico que ocorreu em um 13 de agosto é
o início da construção do Muro de Berlim, em 1961.
Nos Estados Unidos, o número 13 também tem uma força histórica.
O país alcançou a independência com suas 13 colônias, que são
representadas até hoje pelas 13 listras da bandeira norte-americana.
Antes do filme Sexta-feira 13 conquistar as bilheterias de todo o mundo
no início dos anos 80 e aumentar o temor mundial pela data, um acidente
com a espaçonave Apolo 13, consagrou a superstição.
Dois dias depois do lançamento da missão à Lua, no dia 13 de
abril de 1970, a expedição foi abortada e os astronautas trazidos de
volta após uma explosão em um dos tanques de oxigênio. Antes disso,
muitos já defendiam que o nome da missão deveria ter passado direto do
número 12 para o 14.
Principalmente nos Estados Unidos ainda é comum que prédios não
tenham o 13º andar. Muitas empresas aéreas também pulam a poltrona 13
em aviões. Nos esportes, a Fórmula 1 é a categoria mais afetada pela
superstição: nenhum piloto usa o número 13 no carro há décadas.
Para Nathanael Souza, a fama da data é algo que não se pode
explicar só com fatos e nem é possível contê-la. “A superstição está
sempre ligada à fé. Ou se acredita ou não. Não adianta querer prová-la
ou descaracterizá-las com fatos científicos."
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