Brasília – Dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT), divulgados dia 23 de abril, apontam 2,3 milhões de mortes, por ano, que têm algum tipo de ligação com a atividade que o trabalhador exerce. No relatório A Prevenção das Enfermidades Profissionais, cerca de 2 milhões de mortes são devido ao desenvolvimento de enfermidades e 321 mil são resultado de acidentes – cerca de uma morte por acidente para cada seis mortes por doença.
No Brasil, de acordo com o último acompanhamento mensal de benefícios da
Previdência, de fevereiro de 2013, o pagamento do benefício por
acidente de trabalho e do auxílio-doença segue uma dinâmica semelhante. A
cada sete benefícios concedidos por afastamento por doença relacionada
ao trabalho, um é pago por acidente.
De acordo com a organização, estima-se, anualmente, o surgimento de mais
de 160 milhões de casos de doenças relacionadas ao trabalho. Isso
significa que 2% da população mundial, em média, por ano, é acometida
por algum tipo de enfermidade devido à atividade que exerce
profissionalmente. Entre as doenças que mais geram mortes de
trabalhadores estão as que afetam pulmão, músculos e ossos e os
transtornos mentais.
As doenças laborais, ou enfermidades profissionais, segundo nomenclatura
da OIT, são os males contraídos como resultado da exposição do
trabalhador a algum fator de risco relacionado à atividade que exerce. O
reconhecimento da origem laboral requer que se estabeleça uma relação
causal entre a doença e a exposição do trabalhador a determinados
agentes perigosos no local de trabalho.
No Brasil, a estimativa da OIT é a de que mais de 6,6 milhões de
trabalhadores estejam expostos a partículas de pó de sílica
(matéria-prima do vidro e um dos componentes do cimento), por exemplo, o
que leva a pneumoconiose, gerada pela inalação de poeira – resultando
em falta de ar, redução da elasticidade do tecido pulmonar e possível
falência respiratória. Essa doença é uma das que mais preocupa a
organização, por ser frequente em países em desenvolvimento, onde o
setor industrial está em expansão e as áreas de saúde e trabalho ainda
em frágil articulação.
As doenças musculoesqueléticas são outro alvo de atenção da OIT. Dados
da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que mais de 10% dos casos
de incapacidade por perda de movimentos ligadas ao trabalho são
problemas em nervos, tendões, músculos e estruturas de suporte do corpo,
como a coluna.
No que diz respeito aos transtornos mentais, no Brasil, por exemplo, dos
166,4 mil auxílios-doença concedidos pelo Instituto Nacional do Seguro
Social (INSS), cerca de 15,2 mil são por problemas mentais ou
comportamentais. A depressão está no topo, com mais de 5,5 mil casos,
entre episódios depressivos ou transtorno recorrente.
A ausência de prevenção adequada contra essas doenças, que podem levar à
morte, tem efeitos negativos sobre os trabalhadores, as famílias e,
especialmente, os sistemas previdenciários, informou o relatório da OIT.
Estima-se que, por causa dessa situação, sejam gerados no mundo
encargos financeiros de cerca de US$ 2,8 trilhões anuais,
aproximadamente 4% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial (que supera
US$ 70 trilhões, segundo dados do Banco Mundial).
Para a OIT, a solução passa pela adoção de medidas de prevenção, levando
em conta desafios recentes, resultantes de novas tecnologias e mudanças
sociais no mundo do trabalho. A organização mencionou, no relatório, um
sistema de registro e notificação que integre seguridade e saúde; a
gestão e a avaliação de riscos; a melhora da colaboração entre as
instituições para que haja prevenção das enfermidades profissionais por
meio da atuação dos profissionais de inspeção do trabalho – sobretudo em
setores perigosos, como a mineração, a construção civil e a agricultura
–; o fortalecimento do sistema de indenizações; e a intensificação do
diálogo entre governos, trabalhadores e empregadores. (Ag. Brasil)
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