Juiz José Luiz Oliveira de Almeida*
Eu sempre me preocupei - todos nós nos preocupamos, essa é a verdade - com os desvios de conduta dos que estão encarapitados no poder, em face das conseqüências de sua ação predatória para o conjunto da sociedade.
Eu sempre tive curiosidade para compreender por que, no exercício do poder, há tantos desatinos, tantas ações deletérias, tantas condutas daninhas em detrimento do patrimônio público.
Diante de tantos desvios de conduta, concluo, preocupado, que se a nossa representação, nas esferas de poder, for o reflexo, como se costuma dizer, do que é a própria sociedade, então estamos perdidos, pois, o que se vê, se assiste e se lê - todos os dias, todas as horas, em qualquer lugar - são notícias reiteradas de desvios de conduta dos homens que exercem o poder, na condição de representantes legais do povo.
Se for verdade que a nossa representação nas instâncias de poder é a tradução, sem retoques, do que somos, então, caro amigo, estamos todos perdidos, a considerar o que tem sido veiculado na mídia.
Se for verdade que muitos de nós, como alguns dos nossos representantes, estamos apenas esperando uma oportunidade para colocar em prática as nossas subjacentes - e perigosas - pretensões, então, caro leitor, não temos salvação.
Mas o certo é que, depois de tanto refletir sobre essas questões, cheguei a uma grave e preocupante conclusão - fruto apenas da experiência, nada científico, portanto -, qual seja a de que os desvarios exacerbados no exercício do poder decorrem do fascínio que ele, o poder, exerce sobre os sociopatas.
Para mim, sinceramente, não existe essa de que os aboletados no poder - refiro-me, exclusivamente, aos predadores, aos sem escrúpulos, sem pejo e sem vergonha - reflitam o que é a sociedade. Nós não somos iguais aos marginais refestelados no poder. Nós somos iguais, sim, aos que usam o poder para servir e não para dele tirar proveito de ordem pessoal. E esses, conforme eu já disse, são a absoluta maioria.
Diante de tantos desmandos, de tantas bandalheiras, temos que nos revoltar e gritar bem alto, em uníssono, que não aceitamos ser comparados às camarilhas que se aquartelam no poder para dele tirar vantagens de ordem pessoal.
A verdade, como já antecipei acima, é que o poder público exerce, sim, um fascínio especial junto aos sociopatas - o que não significa que todos que exercem o poder sejam psicopatas. Não! Não é essa a minha conclusão. A minha conclusão é que o poder fascina os psicopatas, muito mais que as pessoas, digamos, normais.
É no exercício do poder que eles, psicopatas, exteriorizam a sua perigosidade, visto que são capazes de qualquer coisa, não se há de negar.
Pelo poder, pensam os sociopatas, às favas os escrúpulos, a ética, a honradez, os amigos e, até, se necessário, a própria família.
O psicopata, todos nós sabemos, é destituído de senso moral, de consciência. Se necessário, traem, sim, até a própria família, na defesa dos interesses mais mesquinhos.
Muitos dos que estão no poder, não se há de obscurecer, têm características próprias dos sociopatas - verdadeiros predadores sociais que são, desqualificados morais, podes crer.
Pelo poder eles, os psicopatas - ou antissociais, ou amorais, pouco importa a denominação - são capazes de qualquer coisa, tenho repetido; e, depois que passam a exercê-lo, agem sem peias e sem controle, pouco lhes importando a sua degradação moral - ou da própria família, muitas vezes levada a reboque.
Enquanto qualquer pessoa saudável mentalmente se constrange diante do malfeito, o psicopata não se intimida, não se envergonha das presepadas que faz, não está nem aí para o que dele possam falar - age indiferente às conseqüências, aos efeitos de suas ações réprobas.
Os psicopatas são seres destituídos de senso moral, de senso de responsabilidade ética. Por isso, não experimentam inquietude mental, não têm sentimento de culpa, não sentem remorso, não hesitam em magoar, não se preocupam com a sua credibilidade - agem, enfim, ao sabor das circunstâncias. É por isso que, no poder, são capazes de qualquer coisa - e mentem, e escarnecem, e debocham, desdenham; são capazes, até, de matar, dependendo do seu nível de perigosidade.
Os psicopatas, geralmente, são frios, calculistas, inescrupulosos, dissimulados, mentirosos e sedutores. E estão sempre agindo na defesa do seu próprio interesse.
Eles, os psicopatas, não estabelecem vínculos afetivos. Sendo necessário, abandonam os amigos e a própria família; passam por cima de qualquer coisa, para alcançar os seus intentos. E se o seu objetivo é o poder, fazem as pazes com o inimigo, abominam a família, refazem os seus conceitos, mudam de rumo, seguem por outra senda - sempre buscando mais e mais poder e tudo o que dele possa decorrer.
Os psicopatas, no poder, enriquecem ilicitamente, vivem em busca de status, são mentirosos contumazes, parasitas do Estado; são, muitas vezes, líderes inatos, que trabalham apenas em seu proveito. Mentem sem receio, contam histórias mirabolantes, de acordo com as suas conveniências; se adaptam às circunstâncias, são verdadeiros camaleões; têm o poder de persuasão açodado: com meia hora de conversa, são capazes de enganar qualquer um.
A conclusão de tudo o que foi dito acima é que somos muito diferentes dos psicopatas - eu disse: psicopatas! Não me reporto aos homens de bem, que são muitos - que nos representam, ou melhor, que fingem nos representar, porque, na verdade, eles representam-se a si próprios.
Sublinho, para encerrar, que, como tenho reiterado, as minhas crônicas são pura reflexão, não têm, portanto, destinatário específico.
*Titular da 7ª Vara Criminal
Site: www.joseluizalmeida.com. E-mails: jose.luiz.almeida@globo.com e jose.luiz.almeida@folha.com.br e jose.luiz.almeida@folha.com.br
Eu sempre me preocupei - todos nós nos preocupamos, essa é a verdade - com os desvios de conduta dos que estão encarapitados no poder, em face das conseqüências de sua ação predatória para o conjunto da sociedade.
Eu sempre tive curiosidade para compreender por que, no exercício do poder, há tantos desatinos, tantas ações deletérias, tantas condutas daninhas em detrimento do patrimônio público.
Diante de tantos desvios de conduta, concluo, preocupado, que se a nossa representação, nas esferas de poder, for o reflexo, como se costuma dizer, do que é a própria sociedade, então estamos perdidos, pois, o que se vê, se assiste e se lê - todos os dias, todas as horas, em qualquer lugar - são notícias reiteradas de desvios de conduta dos homens que exercem o poder, na condição de representantes legais do povo.
Se for verdade que a nossa representação nas instâncias de poder é a tradução, sem retoques, do que somos, então, caro amigo, estamos todos perdidos, a considerar o que tem sido veiculado na mídia.
Se for verdade que muitos de nós, como alguns dos nossos representantes, estamos apenas esperando uma oportunidade para colocar em prática as nossas subjacentes - e perigosas - pretensões, então, caro leitor, não temos salvação.
Mas o certo é que, depois de tanto refletir sobre essas questões, cheguei a uma grave e preocupante conclusão - fruto apenas da experiência, nada científico, portanto -, qual seja a de que os desvarios exacerbados no exercício do poder decorrem do fascínio que ele, o poder, exerce sobre os sociopatas.
Para mim, sinceramente, não existe essa de que os aboletados no poder - refiro-me, exclusivamente, aos predadores, aos sem escrúpulos, sem pejo e sem vergonha - reflitam o que é a sociedade. Nós não somos iguais aos marginais refestelados no poder. Nós somos iguais, sim, aos que usam o poder para servir e não para dele tirar proveito de ordem pessoal. E esses, conforme eu já disse, são a absoluta maioria.
Diante de tantos desmandos, de tantas bandalheiras, temos que nos revoltar e gritar bem alto, em uníssono, que não aceitamos ser comparados às camarilhas que se aquartelam no poder para dele tirar vantagens de ordem pessoal.
A verdade, como já antecipei acima, é que o poder público exerce, sim, um fascínio especial junto aos sociopatas - o que não significa que todos que exercem o poder sejam psicopatas. Não! Não é essa a minha conclusão. A minha conclusão é que o poder fascina os psicopatas, muito mais que as pessoas, digamos, normais.
É no exercício do poder que eles, psicopatas, exteriorizam a sua perigosidade, visto que são capazes de qualquer coisa, não se há de negar.
Pelo poder, pensam os sociopatas, às favas os escrúpulos, a ética, a honradez, os amigos e, até, se necessário, a própria família.
O psicopata, todos nós sabemos, é destituído de senso moral, de consciência. Se necessário, traem, sim, até a própria família, na defesa dos interesses mais mesquinhos.
Muitos dos que estão no poder, não se há de obscurecer, têm características próprias dos sociopatas - verdadeiros predadores sociais que são, desqualificados morais, podes crer.
Pelo poder eles, os psicopatas - ou antissociais, ou amorais, pouco importa a denominação - são capazes de qualquer coisa, tenho repetido; e, depois que passam a exercê-lo, agem sem peias e sem controle, pouco lhes importando a sua degradação moral - ou da própria família, muitas vezes levada a reboque.
Enquanto qualquer pessoa saudável mentalmente se constrange diante do malfeito, o psicopata não se intimida, não se envergonha das presepadas que faz, não está nem aí para o que dele possam falar - age indiferente às conseqüências, aos efeitos de suas ações réprobas.
Os psicopatas são seres destituídos de senso moral, de senso de responsabilidade ética. Por isso, não experimentam inquietude mental, não têm sentimento de culpa, não sentem remorso, não hesitam em magoar, não se preocupam com a sua credibilidade - agem, enfim, ao sabor das circunstâncias. É por isso que, no poder, são capazes de qualquer coisa - e mentem, e escarnecem, e debocham, desdenham; são capazes, até, de matar, dependendo do seu nível de perigosidade.
Os psicopatas, geralmente, são frios, calculistas, inescrupulosos, dissimulados, mentirosos e sedutores. E estão sempre agindo na defesa do seu próprio interesse.
Eles, os psicopatas, não estabelecem vínculos afetivos. Sendo necessário, abandonam os amigos e a própria família; passam por cima de qualquer coisa, para alcançar os seus intentos. E se o seu objetivo é o poder, fazem as pazes com o inimigo, abominam a família, refazem os seus conceitos, mudam de rumo, seguem por outra senda - sempre buscando mais e mais poder e tudo o que dele possa decorrer.
Os psicopatas, no poder, enriquecem ilicitamente, vivem em busca de status, são mentirosos contumazes, parasitas do Estado; são, muitas vezes, líderes inatos, que trabalham apenas em seu proveito. Mentem sem receio, contam histórias mirabolantes, de acordo com as suas conveniências; se adaptam às circunstâncias, são verdadeiros camaleões; têm o poder de persuasão açodado: com meia hora de conversa, são capazes de enganar qualquer um.
A conclusão de tudo o que foi dito acima é que somos muito diferentes dos psicopatas - eu disse: psicopatas! Não me reporto aos homens de bem, que são muitos - que nos representam, ou melhor, que fingem nos representar, porque, na verdade, eles representam-se a si próprios.
Sublinho, para encerrar, que, como tenho reiterado, as minhas crônicas são pura reflexão, não têm, portanto, destinatário específico.
*Titular da 7ª Vara Criminal
Site: www.joseluizalmeida.com. E-mails: jose.luiz.almeida@globo.com e jose.luiz.almeida@folha.com.br e jose.luiz.almeida@folha.com.br
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